Recebemos de
nossos pais um país que estava sob o fervoroso clima que derrubou o então
presidente Fernando Collor, e que alguns anos atrás havia conseguido o direito
de votar democraticamente. Foi esse o país que recebemos de nossos pais, e
agora, vendo todos esses protestos que andam ocorrendo pelo país, me pergunto
qual é o Brasil que vamos deixar aos nossos filhos? Um país melhor, mais
fraterno, ou um Brasil onde a polícia agride cruelmente jornalistas e
manifestantes, onde a polícia, que deveria proteger as manifestações, aparece
tão bem armada que o clima não parece mais democrático. É claro, a polícia tem
que proteger o patrimônio público, e além de tudo, ela cumpre ordens, ordens de
políticos que se fecham em suas cúpulas de cristal, como se fossem pessoas
intocáveis que só encontram a população durante as eleições.
Qual é o
país que vamos deixar aos nossos filhos? Um país que gasta de forma
irresponsável sem pensar na inflação que pode abater os nossos cofres, só para
manter a imagem de país do futuro. Um país onde condenados pelo STF continuam
em seus cargos no legislativo como se fossem superiores a lei, e o que é pior,
fazem projetos como a PEC 37. Um país que massacra os seus índios, que tira
pessoas de suas casas para abrir espaço aos estádios da copa, e dão apenas 8
mil reais a essas pessoas (Uma casa por 8 mil? Só se for na Lulandia). Um
Brasil onde a criança sai da escola sem saber matemática e sem saber sua língua
materna, onde professor não tem incentivos ao seu trabalho, onde construir
cadeias é mais importante do que escolas. A verdadeira face do nosso país
amarelinho é a de pessoas morrendo na porta dos hospitais por falta de leitos,
é a de policiais que não recebem um salário digno, é a de manifestantes tendo o
seu direito de livre expressão cassados; É! Realmente o nosso país tem que
estar amarelo de vergonha.
“Se soubesse
que o mundo se desintegraria amanhã, ainda assim plantaria a minha macieira. O
que me assusta não é a violência de poucos, mas a omissão de muitos. Temos
aprendido a voar como os pássaros, a nadar como os peixes, mas não aprendemos a
sensível arte de viver como irmãos.” Martin Luther King.
Eu fico a
perguntar-me, o que faz um jornalista em rede nacional, a dizer que os
protestos na Turquia são legítimos porque lá estão lutando contra os abusos de
islã, e aqui são vândalos de classe média que nem usam transporte público, e,
portanto não tem motivos para protestar. E o preconceito dele com o islã é
legitimo? Lutar por um direito do coletivo, mesmo quando você não utiliza deste
direito, torna ele não legitimo? E a compaixão por aqueles que ganham um
salário mísero e necessita do transporte publico para chegar ate o trabalho?
Infelizmente temos pessoas que se acham mais importante do que outras,
simplesmente porque tem um diploma, ou um cargo importante, e fecham-se em suas
casas como se não vivessem em sociedade, e esquecem que quanto maior a
importância de seu cargo, maior é a responsabilidade perante o coletivo.
Onde esta
nossa capacidade de amar o próximo como a si mesmo? Onde esta nossa capacidade
de sonhar? Onde está nossa capacidade de sonhar com um país melhor e mais
democrático para todos? Não importa aqui sairmos às ruas contra o aumento da
passagem dos ônibus, não importa aqui gritos de liberdade, isso tudo é
consequência, e a causa é amar, amar outro brasileiro por ele fazer parte de
seu país e se condoer-se quando lhe roubam um direito. Estamos perdendo nossa
capacidade de amar, e quando saímos às ruas e pedimos um transporte mais
barato, é porque amamos o nosso país, e acima de tudo, o Brasil somos nós, e
não essa corja de corruptos que ocupam o poder.
O país que
vamos deixar para nossos filhos, não é uma questão de ideologia, ou partidária,
é uma reflexão de todos, sejam de direita ou de esquerda
, petistas ou tucanos, amantes da politica ou que a odeiam. Os filhos
de todos vão viver nesse país, e um dia estaremos velhos e nos questionaremos,
será que não fiz pouco pelo meu país? Será que era esse o país que eu queria
que meu filho vivesse?
Faço uso,
assim, das palavras de Charles Chaplin:
“Sinto
muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo
governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível –
judeus, o gentio... negros... brancos(...)
Todos nós
desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver
para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de
odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra,
que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades(...)Mais do que de
máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de
afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será
perdido.”
Abaixo essa violência à liberdade de
expressão! Vamos construir um Brasil que realmente seja digno para nossos
filhos, um Brasil que nos orgulhemos de dizer: Foi esse o país que construí para
os brasileiros. “Se não nos deixam sonhar, não os deixaremos dormir.”
Raphael F. Lopez (Um brasileiro indignado)
Raphael F. Lopez (Um brasileiro indignado)
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